domingo, 17 de fevereiro de 2013

Presos acusados de homicídio de criança em ritual de curandeirismo em Soure


Menino de 9 anos foi queimado durante ritual, diz polícia. Avó paterna e pai da vítima estão entre os suspeitos detidos em Soure.

Quatro pessoas foram presas, na manhã desta quinta-feira, 14, em Soure, na ilha do Marajó, acusadas da autoria do homicídio de um menino de nove anos durante um ritual de curandeirismo. O crime aconteceu em 12 de julho do ano passado. Os presos – Jurandir Santos dos Santos, de apelido “Jura”; Carlos Edinelson Santos Silva, conhecido como “Deco”; Maria Auxiliadora dos Santos, avó paterna da criança, e Maurício Augusto Santos Silva, pai do menino – tiveram mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça local em decorrência de inquérito instaurado para apurar a morte da vítima. Uma quinta pessoa – Edileusa Mamede Felipe, responsável pelo banho com combustível que gerou as lesões e morte da criança – também teve mandado de prisão decretado e está foragida. O menino teve o corpo praticamente todo queimado. Conforme o delegado Arilson Caetano, superintendente regional dos Campos do Marajó, após o crime, a família tentou sepultar o corpo sem as formalidades legais (sem perícia de verificação da causa da morte).
Presos envolvidos no crime (Foto: Policia Civil)
O fato foi alvo de denúncia anônima à Polícia Civil de Soure e ao Conselho Tutelar, que enviaram agentes à casa dos pais onde a criança era velada. “Em breve visualização, constatamos que havia lesões graves no corpo. Com as evidências, após muito custo, conseguimos retirá-lo do local e levá-lo ao hospital municipal. Em seguida, foi feita a remoção do corpo para o Instituto Médico Legal, em Belém, para fins de perícia de necropsia”, explica. A equipe de peritos criminais do IML de Belém foi a Soure, para realizar perícia no local do crime. Com a audiência de testemunhas, interrogatório de suspeitos e de posse dos laudos das perícias, o delegado encontrou indícios suficientes para indiciar os autores do crime. “As investigações provaram que, além de incendiarem o corpo da vítima, os acusados negaram socorro à criança, com intenção de garantir a impunidade dos responsáveis pelo ritual de curandeirismo”, apurou o delegado.
A vítima foi lesionada, por volta das 15 horas de 12 de julho de 2012, e faleceu, por volta de 23 horas, do mesmo dia, segundo relato das testemunhas. O menino teve noventa por cento do corpo queimado. “Mesmo neste estado, os curandeiros e parentes da criança, que tiveram contato com a vítima, deveriam e podiam ainda tê-la socorrido, contudo, negligenciaram o atendimento, fato que foi fundamental para o óbito”, ressaltou Arilson Caetano. De acordo com as informações levantadas no inquérito policial, são apontados como curandeiros Jurandir, Carlos Edinelson e Edileusa, que deram o banho na vítima com combustível e depois tocaram fogo no menino. O ritual aconteceu na casa de Edileusa, na 4ª Rua com Rodovia do Pesqueiro, centro de Soure. No esquema do curandeirismo, “Jura” seria o guru e “Deco”, o outro acusado, atuava como aprendiz.
O menino foi levado ao local pela avó paterna, Maria Auxiliadora, sob alegação de que ele estava com alucinações e ouvindo a voz de uma pessoa que a perseguia. Já o pai do menino, Maurício Augusto, chegou ao local logo após a ocorrência das lesões, porém sequer prestou socorro ao filho e ainda levou a criança para velar em casa, a pedido dos curandeiros. Os pais da criança são separados e a vítima vivia com o pai. “Todos, segundo a lei, são responsáveis pela morte da criança, pois deveriam socorrê-la, sob pena de arcar com o resultado do crime na forma dolosa. Mesmo assim, eles assumiram o risco de causar a morte da criança, para acobertar o crime praticado pelos curandeiros”, salientou o delegado.
Ainda está em apuração o registro de óbito da criança, pois os autores da comunicação da morte da criança no cartório fizeram inserir registro de dados falsos na certidão de óbito do menino. Os acusados foram presos em casas diferentes na cidade de Soure. Todos estão recolhidos à disposição da Justiça. A operação foi comandada pelo delegado Arilson Caetano e pelo delegado Luciano Cunha, que presidiu o inquérito, com o apoio do delegado Victor Manfrini, titular da Delegacia de Salvaterra, e dos investigadores Mauro Begot, chefe-de-operações da Superintendência Regional; Rufino e Walber, e escrivães Marcos e Heitor. A ação policial contou com 11 políciais militares comandados pelo tenente Dos Santos; sargentos Evaldo e Oliveira; cabos Martins, Joana, Pires, Nascimento, Marcos e Silvio, e soldados Nogueira e Gledison.
Fonte: Policia Civil
DO AMIGO EDY!

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